A tradução das cobranças e da busca da perfeição em 'Black Swan'

Por Danni

O Oscar está chegando e eu sempre gosto de assistir os filmes que vão concorrer, se não posso ver todos, vejo pelo menos os favoritos. Foi esse critério, a notícia de uma cena polêmica de sexo lésbico e a presença de Natalie Portman que me fez chegar a Black Swan. E como eu gosto de dar uma de crítica de cinema, aí vai uma boa indicação.

Uma jovem bailarina que sonha ser A rainha Cisne (o cisne branco e o cisne negro). Sem grandes ambições, Nina sonha ser a melhor no que faz e para isto se dedica noite e dia (Qual de nós não deseja ser o melhor no que faz e deste modo ser reconhecido?). Porém o que ela não sabe é que para tal papel, ela precisa chegar antes à perfeição. E é na tentativa de ser perfeita, de representar o Cisne Negro, em meio à desleal concorrência e às cobranças desumanas que este Cisne se revela dentro dela.

O que mais me chamou atenção neste filme (um thriller psicológico) é como ele se encaixa em nossas rotinas e obrigações, quer seja no trabalho, na faculdade e até mesmo em âmbito familiar. Sentimo-nos obrigados a sermos sempre corretos, pontuais, fazendo com que não permitamos a nós mesmos vários prazeres da vida, como diversão. Tornando nós mesmos nossos próprios concorrentes, fazendo de nós autodestrutivos. Direcionando-nos sempre para a procura da impossível perfeição, fazendo com que vejamos o invisível e escutemos o que não foi dito. Uma espécie de ‘O médico e o monstro’ da vida real.

E No final a sentença “Eu fui perfeita”, mesmo que esta seja cara e dolorosa. E na vida real será que a perfeição desperta em nós o nosso monstro interior? Será que estamos prontos para a pressão do mundo real?